quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Neuróse multipla hospitalar


Carrapatos, carrapatos em todo corpo. Na pele, aquela mesmo lugar que aquele filósofo um dia falou que era o órgão mais profundo do ser humano, a partir de hoje não duvido dessa afirmação. Este órgão que vos fala infestado de carrapatos, pequenos , tipo carrapatos estrelas, marronsinhos, feito coco, seria mirco-carrapatos-bosta-da estrela. Na segunda de madrugada tirei 7 deles, entre nádegas, juntas da batata da perna e em volta da virilha. Na terça de manha mais um e na terça a noite mais 5. Decidi, após o conselho da Brunna, me alto-medicar: a base de um sabonete repelente de piolhos, carrapatos e também de micro-carrapatos-merdinhas- de estrela. Inferno ainda coça, muito! Em toda parte há bolhas vermelhas cosando, o pior está nas costas, onde não vejo, coço e maltrato a pele freneticamente a traseira da perna , pela imagem avermelhada quase sangue das juntas do joelho. Me chamariam de um boderlaine frenético. Yes! Coçar é preciso, assim como escrever, ambos aliviam momentaneamente, não para!não para ! não para!
Por alguma razão edipiana, fui dar razão a voz materna, e da desgraçada sabedoria e paranóia dos idosos, no caso minha avó. Marquei consulta com o meu padrim, que se diz saber da pele mas não passa de um mediucre-classe-media-medico-cristão, a mesma pele que o outro padrinho diz ser o órgão mais profundo do ser humano.
No hospital neurose instalada, em quatro paredes e em quatro homens de mascara = Gripe suína. Suínos no ar, no vento, no suor, na testa e na mente dos neuróticos, principalmente na mente das velhas avós neuróticas. E eu no corredor bancando o calmo inconsciente de quem senta atrás do diva, e em minha volta pelo resto do corredor senhoras em pé, neuroticamente noiadas pelo vírus H1N1. Que tédio esperar ser atendido, vamos analisar a neurose, porem não esperava ser pego por ela. Não pela gripe suína mas pela neurotização. Sentado e esperando, com a mesma roupa que escrevo agora. Oh Deus, tenho que tirar essa roupa rápido, talvez ainda há possibilidades do vírus me pegar, anda Hélio tira essa roupa! Pronto agora de cueca, escrevo o terror e a nauseá que senti no hospital. Eu estava sentado na curva da sala de espera com o corredor da clínica, em uma cadeira de conjunto duplo , no meu lado direito um gordo e roliço senhor de uns 40 anos, que ao sair para ser atendido levantou seu peso mais alguns quilos de suor derivados ou do ambiente quente sem ventilação da clínica, ou da sua neurose disfarçada. Em minha volta do lado esquerdo velhas zanzando de lá pra cá , que mal disfarçavam os seus olhares neuróticos perante os homens de mascaras, olhares foucoultianos. Quando eu menos esperava a minha direita, uma gravida de mascara se senta, já faz uma hora que estou na espera para ser atendido. Ela começa a tossir, eu começo a mi cosar, não por carrapatos, mas por medo de morte, dela e de uma péssima semana minha de cama- afirmando a teoria astrológica de inferno astral, pois meu aniversário esta próximo. Mulheres gravida , que nojo, de mascara ainda, mais grotesco e surreal. Levantei varais vezes, não consegui mais disfarçar minha neurose, pensei em ir no banheiro. Fui no balcão das recepcionistas. Um negro , que era o secretario do meu padrinho, me disse que faltava ainda 4 pessoas há serem atendidas para chegar a minha vez. Ainda 4 pessoas, e eu?! Por todos os lados sendo rodeado de mascaras. Me sentei de novo e ser surpreendido por uma sessão incontrolável de tosses seguidas de pigarro da mulher gravida. Que som horrível, que desconforto, que som maravilhosos para meu surto neurótico. Corri para as escadas, elevador nessas horas nem a pau! Passei pelos quatro quarteirões que separam a minha casa da clínica do meu padrinho, lavei as mãos, os braços, o rosto , tirei a roupa, e escrevo agora tomando Fenergan, sem contra indicação medica, não preciso afirmar o controle da medicina no meu corpo, já basta ser escravo dos fármacos. Me livro dos carrapatos! Graças a força sintética de laboratório , como num surto de histeria me livro do incomodo da saúde pública.